Friday, October 23, 2009

Um desafio ao amigo


(Esse post foi escrito por um amigo que conhece Jampa desde a infância)


Faz parte de uma memória que parece viva na minha cabeça. Estávamos nos dirigindo à minha sala, do terceiro ano do Marista, logo depois da semana em que fechamos a escola para protestar contra o fechamento do Primeiro Grau Menor.

Jampa falava muito criticamente dessa pressão familiar para que sucedesse o seu pai politicamente. Um sentimento, que pela própria vocação de João Paulo Filho, existe nos amigos e petistas desde que ele era criança.


Na minha empolgação pela minha primeira luta real, liderada por ele, não poupei elogios. “Acho que você tem muito mais vocação para ouvir as pessoas, seria um líder muito mais verdadeiro”. Estava começando ali minha trajetória de críticas ao PT, justamente na observação de uma postura diferenciada.


Depois daquilo, João Paulo foi eleito prefeito do Recife e Jampa decidiu ir estudar na Europa. Poderia ter sido o melhor ou o mais votado deputado estadual de Pernambuco numa eleição que ocorreu há oito anos, mas preferiu fortalecer sua bagagem intelectual e de vida.


Tendo iniciado seus estudos na UR-6, passou por dificuldades no Marista e conseguiu vencer no mundo acadêmico. Comemoramos juntos quando ele passou no vestibular da UFPE, depois viria o Mestrado na França e agora o Doutorado em Sociologia, novamente na melhor Universidade de Pernambuco.


Por mais que tenhamos nos afastado, e hoje nem sei se ele concorda em me colocar como amigo dele, me sinto à vontade para expor um sentimento que vem de dentro de mim. Jampa hoje tem o desafio e a capacidade para fazer mais e melhor do que a geração do seu pai.


Ele é o primeiro líder político pernambucano que tem realmente uma vida na internet. Conhece e vivencia o que pode ser uma das mais importantes ferramentas de participação popular no controle das políticas públicas e também no processo eleitoral.


Teve o distanciamento necessário para fazer a crítica dos erros e acertos de condução política durante os oito anos de gestões exercidos por Lula e por João Paulo, em Brasília e em Recife, e agora por João da Costa. E tem capacidade e discernimento para fazer melhor.


No entanto, acredito que Jampa só deve ser candidato se tiver liberdade para buscar traçar um novo caminho na sua candidatura. Buscando um novo perfil de eleitor, abandonando o uso dos cabos eleitorais pagos, criando novas maneiras de captar recursos e retomando práticas solidárias que fizeram o sucesso das primeiras campanhas petistas. Só assim ele conseguirá manter um padrão de independência no exercício do Poder Público também.


Para o futuro senador João Paulo isso significará um risco de derrota eleitoral do seu filho, mas será também uma liberdade muito maior para negociar os apoios de parlamentares à sua candidatura, pois suas bases estarão livres.


Depois de eleito, imagino um parlamentar corajoso para questionar a Assembléia e os outros poderes por fazerem pouco e gastarem muito. Tipo de problema tão difícil de ser resolvido que nenhum político ousa enfrentar hoje em dia. Mas também um mandato voltado para questões objetivas, que deveriam estar sendo analisadas pelos deputados estaduais.


Uma problemática que Jampa conhece e vivenciou é a questão da regularização dos territórios de Recife e Jaboatão. É obrigação constitucional da Alepe definir isso, mas até hoje falta competência, capacidade de negociação e coragem aos parlamentares para enfrentar. E quem sofre é o povo das duas cidades.


Conheço e afirmo, ele tem trajetória própria e capacidade para ouvir, se influenciar e tomar decisões. Espero que se dê a oportunidade desta candidatura.

1 comment:

joao lima said...

Belíssimo texto, do qual concordo inteiramente. Acredito em Jampa, pela sua trajetória de vida, senso crítico e coerência. É um rapaz comprometido com as causas sociais e engajado em fazer a diferença.
Ele conhece diversos Brasis, desde a periferia, passando por bairros de classe média até a experiência de ser estrangeiro, sempre com integridade.

Mas o que mais me tocou neste texto foi a proposta de fazer uma campanha diferenciada, assumindo o risco e dever de ser ético, abandonando as práticas de compra de votos e cabos eleitorais de praxe em nossa vida política. Só assim é que se começa com o pé direito, só assim é que se constrói a diferença. Fazer mais e melhor do que João Paulo, assumindo e marcando independência ética e crítica.

Viva, longa vida a este projeto vibrante!